
Floresta Modelo
Pichanaki
Distrito de Pichanaki, província de Chanchamayo, departamento de Junín
124 770 ha
70 500
2015
Omar Buendía Martínez
A intervenção humana
Em 2012, o Eng. José Cornejo, membro de uma cooperativa de cafeicultores de Pichanaki e posteriormente presidente do primeiro Conselho da Floresta Modelo, participou do Curso Intensivo Internacional “Manejo diversificado de florestas naturais tropicais” no CATIE, Centro Agronômico Tropical de Pesquisa e Ensino, na Costa Rica, onde foi ensinado o conceito de Floresta Modelo (FM) e discutido sobre os problemas e potencialidades de Pichanaki como uma possível FM. Posteriormente, o Sr. Omar Buendía, então funcionário do Departamento de Desenvolvimento Agrícola e Econômico do Município de Pichanaki (MDP), foi convidado pelo Sr. Cornejo para o Workshop “Construindo uma cultura florestal nas várias áreas de governança comunitária, territorial, regional e nacional”, organizado pela Rede Internacional de Florestas Modelo, realizada em Tarapoto (Peru). O resultado disso foi o início da elaboração da proposta da FM Pichanaki, promovida por esse ator institucional local.
Nos últimos 30 anos, espécies florestais de qualidade valiosa (cedro, mogno, croton parafuso) foram exploradas por meio de concessões florestais, que posteriormente foram abandonadas para serem ocupadas por agricultores e dedicadas a culturas como café, banana e gengibre, para mencionar as mais importantes, causando a emigração da vida silvestre e, em alguns casos, causando a extinção da flora e da fauna. Em uma avaliação realizada em 21,6 Ha correspondentes à comunidade nativa de Belén, foram encontradas 111 espécies aproveitáveis (entre elas, 5 espécies florestais não identificadas). Além disso, existem mais de 230 espécies diferentes de aves nas matas do entorno dos cafezais, entre as quais se destacam o beija-flor (Loddigesi amirabilis) e o galo-da-serra-andino (Rupicola peruviana). O recurso hídrico está distribuído em 35 microbacias e sub-bacias. Como referência a isso, foram desenvolvidas as Unidades de Análise Territorial (UAT) para o manejo da Floresta Modelo. Entre os rios mais importantes do território da FMPKI, destacam-se o Rio Perené e o Rio Pichanaki, que possuem significativo potencial hidroenergético e de turismo de aventura.
Dos 70.500 habitantes de Pichanaki, 52% vivem na área urbana. A zona rural carece de serviços básicos como água (48%), drenagem (76%) e eletricidade (46%) e 35% das crianças menores de 8 anos sofrem de desnutrição. Esta situação é mais crítica nas comunidades nativas (9.806 habitantes da etnia Ashaninka), onde a taxa de fecundidade varia entre 7,4 e 11,2 filhos por mulher e apenas 3,3% das pessoas têm abastecimento público de água. A imigração da serra é comum no território em períodos de atividades de colheita, assim como a emigração de jovens para as principais cidades próximas.
O principal meio de subsistência dos habitantes é a agricultura (37%) e muitos realizam trabalhos não qualificados (35%) como operários ou vendedores, com mais oportunidades para os homens do que para as mulheres. Economicamente, Pichanaki depende da produção e preço do café, frutas cítricas, bananas, etc. A área das fazendas é pequena (5 hectares cultivados em 10 hectares totais), portanto a maioria das atividades utiliza mão de obra familiar (65%). A pecuária é uma atividade primordialmente para autoconsumo e complementar à agricultura. Na FMPKI também há apicultores organizados, cuja atividade é ameaçada por queimadas indiscriminadas. A pesca extrativa é realizada principalmente por comunidades nativas, para autoconsumo; mas a aquicultura também é praticada. O distrito tem atrativos turísticos, mas a infraestrutura precisa ser melhorada. Existem 5 concessões de mineração dentro da jurisdição de uma comunidade nativa e 1 concessão de petróleo que está em fase de exploração.
Visão
Ser uma estrutura ampla que promove o desenvolvimento sustentável através da gestão dos recursos naturais e produtivos, reconhecendo e valorizando o conhecimento intercultural em Pichanaki. Influenciar a mudança de atitude dos atores para a obtenção de consenso na intervenção sobre os recursos naturais.
Missão
Promover a participação ativa dos atores do território para informar, coordenar e pactuar os diversos interesses sobre a forma de intervenção na conservação e uso da biodiversidade da Floresta Modelo Pichanaki; considerando as microbacias como unidades territoriais para o desenvolvimento de atividades, projetos, programas e processos sistematizados, seqüenciados e articulados.
A FMPKI definiu os seguintes atores-chave, que são decisivos para o processo de implementação da abordagem.
A AFMPKI é uma instituição autônoma, sem fins lucrativos, com personalidade jurídica criada para promover e sustentar o processo social da FM no território. Sua importância está na canalização de recursos para a realização de atividades e projetos com base nos princípios da FM. Desde o início, a AFMPKI conseguiu incorporar a abordagem FM nas ferramentas de planejamento e gestão do distrito, como o Plano de Desenvolvimento Concertado para 2025 e, por sua vez, propôs uma estrutura de governança (atualmente em processo de implementação) que articula a FM com um órgão decisório multissetorial local, a Comissão Municipal de Meio Ambiente (Resolução da Prefeitura nº 252-2018-MDP). Essa articulação favorece o reconhecimento e aceitação pelos atores do território e facilita a funcionalidade das instâncias, evitando duplicidade. Nesta estrutura de governança proposta existem 3 níveis de participação e tomada de decisão:
O Conselho da AFMPKI, órgão representativo da instituição, é composto pelos seguintes atores, que têm o mandato de executar as ações que lhe forem confiadas por sua Assembleia:
Mais informações sobre as instâncias da FM Pichanaki podem ser lidas em seu Plano Estratégico 2015-2018 FM Pichanaki.
Objetivos estratégicos
OE1. Ordenamento territorial
OE2. Valorização de serviços ecossistêmicos e recursos naturais
OE3. Conservação e restauração de ecossistemas em escala territorial para mitigação e adaptação às mudanças climáticas
OE4. Desenvolvimento em agro ecoturismo sustentável e responsável
OE5. Inovação, mudança e desenvolvimento
Pesquisa
“Viabilidade financeira para a implementação de um plano de conservação de recursos hídricos na Floresta Modelo Pichanaki” (2016 – 2017). Tese de mestrado. Pesquisa realizada nas microbacias Huachiriki e Autiki, no âmbito da Lei nº 30.215, Mecanismos de Retribuição por Serviços Ecossistêmicos. Documento completo em: http://repositorio.bibliotecaorton.catie.ac.cr/handle/11554/8908
“O Bosque Modelo Pichanaki: uma ferramenta para a gestão sustentável dos recursos naturais na selva central do Peru.” (2015). Tese de mestrado. Pesquisa de ação participativa que propõe uma estrutura de governança de recursos naturais para o processa FMPKI, a partir da análise qualitativa dos atores do território e suas relações. Documento completo: http://repositorio.lamolina.edu.pe/handle/UNALM/3638
Formação e troca de experiências
Estágio internacional em conservação de recursos hídricos (2019), em Santa Cruz, Bolívia. As lideranças piscícolas observaram a experiência das atividades agrícolas e de piscicultura em um ecossistema com recursos hídricos limitados, entendendo a importância do reflorestamento como mecanismo de conservação de vazão e qualidade.
Primeiro Congresso Internacional de Bambu (2019), evento que reuniu 14 especialistas internacionais e 9 nacionais e que demonstra a importância do bambu por seu potencial para mitigar as mudanças climáticas, contribuir para o reflorestamento e fortalecer as economias locais. Mais informações em: https://www.facebook.com/1ercongresointernacionaldebambu/
Projetos de desenvolvimento sustentável
Assistência técnica em boas práticas de aquicultura e restauração de ecossistemas de regulação hídrica (2018-2020), por meio de reflorestamento com 3 estratos e sistemas de espécies florestais para atividades aquícolas (gamitana e paco), contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das famílias beneficiárias da Cooperativa de Aquicultura Selva Central Ltda. Mais informações em http://acuiselvapki.com/proye9cto.php
Incidência de políticas públicas locais
A Comissão de Gestão da FMPKI tem conseguido um maior envolvimento do governo local no processo, através da incorporação da abordagem da FM nos instrumentos de planejamento e gestão do distrito e do reconhecimento da Estrutura de Governação proposta, e sua articulação com a Comissão Municipal Ambiental, órgão multissetorial local. Isso é endossado na Resolução nº 252 – MDP 2018 e até o momento o trabalho continua para dar funcionalidade à proposta de governança para a FMPKI.
Sinergia e articulação na gestão dos recursos naturais
Trabalhar e influenciar com boa governança. A funcionalidade dos ecossistemas responde às ações das pessoas; nossa Floresta Modelo tem setenta mil habitantes que demandam conhecer esses aspectos.